Segue abaixo dois vídeos da banda inglesa The xx. Versões bem despojadas feitas em Amsterdã.

Para quem ainda não conhece, a banda inglesa The xx foi uma das grandes surpresas de 2009: acústico, eletrônico, pop, alternativo. Enfim, são 4 jovens talentosos que misturaram muitas coisas boas em forma de CD, que leva o título de XX.

Após ouvir por muito tempo [sim, é viciante! e se você está sem tempo para vícios musicais incontroláveis, fique longe deles], pode soar enjoativo, mas o que não cansa? vide Ana Júlia.

Quer ouvir do início ao fim? Está aqui o link para o download do álbum.


Release do lançamento do álbum de Lulina
Por Xico Sá

Não há GPS no amor, tampouco há um guia confiável nos becos da Lulilândia, uma terra mais de se perder do que se virar, depois não diga que não fiz a advertência, lesado moço matuto de novidades.

Passeio ideal para um flâneur, com requinte e alma de cachorro magro de tão besta e livre, bons panos, lenço no pescoço, mas sem frescura de dândi, pode ser mulher ou pode ser homem.
Você já foi grande? Então durma com os carneiros do Murakami, aqui eles são bichos do sono, na rede. São tantas as fabulações que a gente encontra no Lulitour que é melhor ficar calado feito o golfo esquecido na dobra de um mapa gigante. Cerimônia. Melhor não fazer mesmo perguntas ao generoso cosmonauta na autopista. Deixa!

picture-8[3]Faça apenas fotos, como um japonês rebobinável congelando a queda d’água em haikais, caminha, anda, peste, tem bosque e tudo, Cochilândia, a melhor siesta depois de Gabiléia e Olinda. É quase o mundo todo, incluindo o invisível e derretimento da neve que tá por dentro de quem pisa em falso naquelas plagas.

E se você gostar e lá ficar? Esqueça coisa besta de utopia, né isso não, seu coiso, tolinho, é só poesia como grama, relva, e formigas nem tão gigantes assim que se alimentam do bolo final do picnic dos amores tamanho P, M ou G. Sabe essas coisas que acabam? Na Lulilândia parecem que duram só mais um pouco, pra viciar a criatura, arte de um cupido traficante de doces e esperas cristalinas.
Sim, tem Reveillon, jornais com Jerry Lewis na primeira página e Príncipes capazes de multiorgasmos, tem cachaças, desgraças, uma bodega geral da nação com velhinhos estrangeiros atrás dos balcões de fórmica verde claro. Fiado só amanhã, não insista, beba que passa. É lindo, eu prometo, e fica por isso mesmo.

De noite tem paulistas, puta, meu, na balada sussa, tipo assim descolex, nem tanto, lá eles nem trabalham, curtem com a cara de outros seres que não se acostumaram fora da garolândia sem ressacas. É bonito, vem, seu besta!

É tão relax a Lulilândia que tem até apocalipse, não aquela coisa fim de mundo de São João Baptista –o bíblico- eu digo é um the end decente, coisa fina, classe média, Veuve Clicquot, Sydra Cereser, arroz com passas… As minas de calcinha rosa e os caras vendo Faustão, as minas na mão, querendo um amor e os manés falando de futebol.

No fundo é um disco tão, digamos assim, bonito, que esconde esses lugares todos. É também um museu vivíssimo e precoce –circulante, ambulante, viajeiro no último- de tudo que a moça já fez na sua vida breve e compassada. Visite. Missionário José y Carlos “Cacá” Lima também agradecem. Tanta canção fueda, por Diós, que a gente fica inventando alegria e sofrimento para caber dentro delas. Trilha!

Faça o download do álbum e confira o som dessa pernambucana.

2009LulinaCristalina[4]

mraz

Em turnê pelo 3º álbum, Jason Mraz consolida sua carreira de cantor pop. Apesar de que se falando em pop, fica difícil afirmar qualquer coisa. Mas o fato é o seguinte: Jason lançou o cd mais bem-sucedido de sua carreira, o We Sing. We Dance. We Steal Things.Jason

O álbum leva pitadas de folk, soul e, também, carregado de elementos da música pop, como na música Lucky, em parceria com Colbie Cailla. Lucky é o terceiro single do último disco de Mraz, lançado em 2008. O pop tem alguns problemas, pois mais cedo ou tarde a música vai se tornar irreconhecível, extremamente chata. Como a música you are beautiful, de James Blunt: a música é linda, mas subitamente ela se torna repetitiva e cansativa.

Particularmente, me interessei apenas pelas três primeiras músicas do disco, realmente muito boas. Esse é o caso de que vale a pena comprar somente o single.

Quem quiser ouvir mais do álbum, está aqui a dica.

jorge-drexler

Pagar R$ 6,80 por um chopp Stella Artois numa sofisticada casa de show paulistana – a Bourbon Street – até que não estava tão mal. Peguei minha comanda e esperava pela birita que não vinha. Foi necessário o funcionário do caixa gritar [novamente] para o funcionário ao lado “tirar” o meu chopp. Não havia nada o que fazer: estava ecoando pelos auto-falantes a música de Jorge Drexler. Estava ali. Ao vivo. E surpreendendo até mesmo aqueles que, teoricamente, não foram ao Bourbon Street Club para participar da festa.

Provavelmente aquele barman já viu grandes nomes da música naquele palco – a casa de show já recebeu B.B King, Diana Krall, entre outros consagrados artistas. Mas um uruguaio que cantava, também, em italiano e morava na Espanha, isso sim era muito excêntrico. Contraditório, alguns poderiam dizer. Assim Drexler também se assume, como canta em Disneylândia, canção gravada em seu último álbum de estúdio – 12 segundos de oscuridadrexlerd – e composta por Arnaldo Antunes:

“Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano”

Contradições que o acompanharam até uns dos momentos mais importantes de sua carreira: a premiação do Oscar. Mesmo sendo indicado ao prêmio de melhor canção pelo filme de Walter Salles, Diário de Motocicleta, não pôde cantar durante a festa, pois, segundo Drexler, não era, até então, famoso nos Estados Unidos.

oscarO desfecho da história é conhecido: ganhou o prêmio de melhor canção e cantou duas estrofes de sua milonga, Al Otro Lado del Rio, deixando de lado o discurso de vencedor. O prêmio apenas consagrou para os americanos o talento deste uruguaio, já que desde 2000 ele tem recebido diversas premiações em países latinos. A canção vencedora do Oscar foi composta e gravada na mesma manhã em seu notebook e foi dessa mesma forma que ela chegou ao filme, à base de muita insistência de Walter Sales: sem regravar no estúdio, usada como ele recebeu em sem email, em MP3. Foi o necessário para Drexler receber a estatueta da maior festa de Hollywood.

E foi toda esta carga de talento que Jorge Drexler despejou na última quinta-feira, dia 2, em São Paulo. Sozinho no palco, apenas com seu violão, alternado com a guitarra, foi o bastante para fazer a sua música. Em algumas faixas, os dois auxiliares de som do músico o acompanharam ao palco, tocando desde serrote a ukulele, como na faixa em italiano Lontano, Lontano.

O show, intitulado de Cara B [Lado b], trouxe canções, em ritmo de milonga, de artistas que influenciaram a obra de Drexler, como Leonard Cohen e Caetano Veloso. Além de cantar em italiano, ele cantou em português, inglês, catalão e espanhol. Fazendo até uma versão em espanhol da música Sampa para os montevideanos. Jorge arriscou até o refrão de Billie Jean a pedido de um fã da platéia, para homenagear o Rei do Pop.

Quando enfim o barman me entregou o chopp senti que havia uns dois dedos a mais de colarinho. Nem pude reclamar. Com um artista tão talentoso a poucos metros, ali no palco, não era uma tarefa fácil se concentrar. Então logo pensei: que má hora para sair do meu lugar e comprar uma cerveja.