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Uma brincadeira sobre a música Hey Jude. Daria pra fazer uma bela camisa com isto, né? Mas precisaria mudar o segundo verso para `the minute´, só faltou isto.

Depois de ver isto, deu vontade de ouvir a música. Então, tá na mão!

*esta foi uma imagem encontrada no site frkncngz, com várias mensagens supimpas e com design bacana.

Segue abaixo dois vídeos da banda inglesa The xx. Versões bem despojadas feitas em Amsterdã.

Para quem ainda não conhece, a banda inglesa The xx foi uma das grandes surpresas de 2009: acústico, eletrônico, pop, alternativo. Enfim, são 4 jovens talentosos que misturaram muitas coisas boas em forma de CD, que leva o título de XX.

Após ouvir por muito tempo [sim, é viciante! e se você está sem tempo para vícios musicais incontroláveis, fique longe deles], pode soar enjoativo, mas o que não cansa? vide Ana Júlia.

Quer ouvir do início ao fim? Está aqui o link para o download do álbum.


Darwin estava certo. Não que precisasse que eu falasse isto para se confirmar. Estou falando da seleção natural, a permanência de uma espécie se dá quando é superior a outra.E não sobre da onde viemos, geração do mundo e blá, blá, blá. Se quiser ler sobre isso, vá para este site.

Lily Allen prova que a internet está no caminho certo, e que o talento sobreviverá – estamos falando de música!

A Lily foi o primeiro fenômeno de proporções mundiais que foi gerada pela internet, através do myspace. Hoje, ela já parece está entediada com a música – com aquele sentimento que um blogueiro tem sobre um blog antigo seu: isto já não condiz comigo.

Esta passagem fulminante de Allen pela música, já que ela diz estar fora do showbiz por dois anos, comprova que a seleção natural é a tônica das informações veiculada na internet. Quem tiver preparado para aguentar os louros e as provações da exposição ao público, e manter a qualidade artística, terá a chance de fazer a sua carreira. Antes, com a indústria cultural ainda no seu auge, o sol brilhava para poucos, mas brilhava forte.

Hoje, podemos dizer que o espaço artístico é obscuro para todos; mas é possível que cada um possa brilhar – já que todos estão no mesmo breu.

macaco_bong

Além da dificuldade que a própria música instrumental apresenta para juntar uma pequena audiência, a banda Macaco Bong ainda teve que driblar as barreiras do provincianismo do eixo Rio-São Paulo para poder aparecer no cenário artístico brasileiro. Natural de Cuiabá (MT), a banda surgiu em 2004 e percorreu os palcos brasileiros, chegando até se apresentar na Argentina e no Canadá.

Macaco Bong é umas das boas revelações do último ano para quem gosta do rock cru – Bateria, baixo e guitarra, o power trio. Segundo os integrantes da banda, o som deles se “baseia na desconstrução dos arranjos da música popular em seus formatos convencionais e aliada à linguagem das harmonias tradicionais da música brasileira com jazz/fusion/pop e etc.”

O primeiro álbum do trio [Artista Igual Pedreiro] foi eleito pela revista Rolling Stones como o melhor de 2008 e lançado na Argentina pelo selo Scatter Records.

Confira aqui o som deste primeiro álbum.

Release do lançamento do álbum de Lulina
Por Xico Sá

Não há GPS no amor, tampouco há um guia confiável nos becos da Lulilândia, uma terra mais de se perder do que se virar, depois não diga que não fiz a advertência, lesado moço matuto de novidades.

Passeio ideal para um flâneur, com requinte e alma de cachorro magro de tão besta e livre, bons panos, lenço no pescoço, mas sem frescura de dândi, pode ser mulher ou pode ser homem.
Você já foi grande? Então durma com os carneiros do Murakami, aqui eles são bichos do sono, na rede. São tantas as fabulações que a gente encontra no Lulitour que é melhor ficar calado feito o golfo esquecido na dobra de um mapa gigante. Cerimônia. Melhor não fazer mesmo perguntas ao generoso cosmonauta na autopista. Deixa!

picture-8[3]Faça apenas fotos, como um japonês rebobinável congelando a queda d’água em haikais, caminha, anda, peste, tem bosque e tudo, Cochilândia, a melhor siesta depois de Gabiléia e Olinda. É quase o mundo todo, incluindo o invisível e derretimento da neve que tá por dentro de quem pisa em falso naquelas plagas.

E se você gostar e lá ficar? Esqueça coisa besta de utopia, né isso não, seu coiso, tolinho, é só poesia como grama, relva, e formigas nem tão gigantes assim que se alimentam do bolo final do picnic dos amores tamanho P, M ou G. Sabe essas coisas que acabam? Na Lulilândia parecem que duram só mais um pouco, pra viciar a criatura, arte de um cupido traficante de doces e esperas cristalinas.
Sim, tem Reveillon, jornais com Jerry Lewis na primeira página e Príncipes capazes de multiorgasmos, tem cachaças, desgraças, uma bodega geral da nação com velhinhos estrangeiros atrás dos balcões de fórmica verde claro. Fiado só amanhã, não insista, beba que passa. É lindo, eu prometo, e fica por isso mesmo.

De noite tem paulistas, puta, meu, na balada sussa, tipo assim descolex, nem tanto, lá eles nem trabalham, curtem com a cara de outros seres que não se acostumaram fora da garolândia sem ressacas. É bonito, vem, seu besta!

É tão relax a Lulilândia que tem até apocalipse, não aquela coisa fim de mundo de São João Baptista –o bíblico- eu digo é um the end decente, coisa fina, classe média, Veuve Clicquot, Sydra Cereser, arroz com passas… As minas de calcinha rosa e os caras vendo Faustão, as minas na mão, querendo um amor e os manés falando de futebol.

No fundo é um disco tão, digamos assim, bonito, que esconde esses lugares todos. É também um museu vivíssimo e precoce –circulante, ambulante, viajeiro no último- de tudo que a moça já fez na sua vida breve e compassada. Visite. Missionário José y Carlos “Cacá” Lima também agradecem. Tanta canção fueda, por Diós, que a gente fica inventando alegria e sofrimento para caber dentro delas. Trilha!

Faça o download do álbum e confira o som dessa pernambucana.

2009LulinaCristalina[4]

O ex-Beatle fala à revista Rolling Stones EUA sobre o verão de 1967. Confira a tradução da entrevista do bassman dos Beatles.

Link para o download de um dos melhores álbuns da carreira solo de Paul: Band On The Run

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Como foi o “verão do Amor” para você?
Legal pra caramba. Tínhamos acabado de decidir que suspenderíamos as turnês porque já não estava mais valendo muito a pena. Parecia que não estávamos progredindo, o público continuava berrando, mas a gente se encheu daquilo. Tínhamos a idéia de fazer um disco que sairia em turnê por nós. Isso veio de uma história que tínhamos lido a respeito do Cadillac de Elvis fazendo turnê. Achamos que era uma idéia maravilhosa: ele não sai em turnê, só manda o Cadillac. Fantástico! Então, pensamos: “Vamos despachar um disco”. Passamos mais tempo em estúdio, e o resultado foi Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967). Então, foi maravilhoso. Estávamos amadurecendo? Não sei. Olhando em retrospecto agora, éramos praticamente crianças, apesar de nos sentirmos muito adultos. Tanta coisa tinha acontecido com tanta rapidez, certamente desde a viagem dos Beatles para os Estados Unidos em 1964. Em essência, aqueles três anos foram a diferença entre “I Want to Hold Your Hand” e “Sgt. Pepper’s.” Os tempos estavam mudando, como sr. Dylan disse. Só estávamos seguindo nossos instintos, mas havia um grande arroubo de energia, as idéias vinham rápidas e consistentes. Todos os tipos de idéias novas – artísticas, políticas, musicais. Começamos a escrever coisas que eram diferentes porque nossas conversas, nossos pensamentos e nossos sentimentos eram diferentes. Estávamos passando muito mais tempo longe da estrada, com outros artistas, e isso nos permitiu investigar outras coisas. Tínhamos muitos amigos no mundo da música e no mundo da arte, e havia uma grande fertilização cruzada. Foi uma época ótima para experimentar coisas e tudo isso penetrou na nossa música e no nosso estilo de vida.

Eu me lembro do impacto de Sgt. Pepper’s como algo instantâneo e onipresente, tocando em toda casa noturna a que se ia, toda loja de roupa, toda loja de discos. Você fazia idéia de que teria esse tipo de efeito?
Foi ótimo, para falar a verdade. Como tínhamos parado de excursionar, a mídia começava a sentir que as coisas estavam calmas demais, o que criou um vácuo, de modo que puderam falar mal de nós. Diziam: “Ah, a fonte secou”. Mas nós sabíamos que não tinha secado. Sabíamos o que estávamos fazendo, e sabíamos que nossa fonte estava longe de secar. Na verdade, o oposto estava acontecendo – vivíamos uma enorme explosão de forças criativas. Nós pressentimos isso. Realmente não comentamos o assunto com muita gente. Tocávamos uma demo aqui, outra ali [para os amigos] e tal, mas o mundo de maneira geral não sabia de nada. Mas, como disse, o que alguns críticos comentavam era: “Ah, eles estão acabados”. Enquanto isso, estávamos lá trabalhando com alegria, como os Sete Anões – “Trabalho, trabalho, trabalho, trabalho, trabalho, trabalho, trabalho!” [risos]. Estávamos nos divertindo muito, obviamente, montando essa coisa. Daí, quando saiu, foi fantástico. Naquela época, costumávamos lançar [álbuns] na sexta-feira, e aquele fim de semana foi uma coisa. Eu me lembro de ter recebido telegramas que diziam coisas como: “Vida longa a Sgt. Pepper’s!”. Esse era o sentimento geral, e era maravilhoso. Naquele domingo, Jimi Hendrix tocaria no Saville Theatre no West End de Londres, e ele abriu o show com o tema de Sgt. Pepper’s. Cara, o disco estava mesmo em todo lugar! E é claro que nós só ficamos surfando naquela onda artística. Foi bem bacana exercer tanta influência assim. Como eu disse, era verão, e o sol brilhava, e lá estávamos todos nós, no maior astral [risos]! Eu me sinto muito privilegiado por ter vivido aquilo, em primeiro lugar e, em segundo, por ter sido o epicentro dos acontecimentos.

Deve ter sido uma sensação muito estranha – passar por mudanças enormes e, simultaneamente, gerar mudanças similares para milhões de outras pessoas.


Foi sobrenatural. Nós tínhamos nos acostumado com uma parte disso simplesmente por sermos os Beatles. Até “I Want to Hold Your Hand” tinha deixado as pessoas loucas. Mas agora a coisa passava para outro nível. Estávamos entrando no coração e na mente de todos.

Parecia muito que Sgt. Pepper’s fazia parte do sentimento daquela época em que, de algum modo, tudo iria se transformar, que nada jamais voltaria a ser como antes.


É engraçado, conheço muita gente que, depois dos anos 60, teve uma sensação de decepção que nunca passou. Eu pessoalmente achava que, ao passo que tudo estava mudando, não necessariamente significava que tudo mudaria. Nós tínhamos longas discussões a respeito de como um dia as pessoas da nossa geração se tornariam primeiros-ministros, e seria bem sobrenatural [para eles] o fato de terem sido afetados por esse período. Mas, ao mesmo tempo, éramos realistas, e pensávamos: “É, mas vão continuar sendo políticos”. Dava para saber que tudo que estava acontecendo no mundo mudaria a ordem das coisas em alguns aspectos, mas não em todos. E isso está provado pelos nossos líderes atuais. Eles continuam presos aos anos 40 ou algo assim.

Houve algum acontecimento específico que fez com que você se desse conta de que os anos 60 não cumpririam suas promessas?


Suponho que preciso considerar o rompimento dos Beatles como o momento mais sombrio. Os Beatles chegaram a um ponto em que implodiram – todos tinham dinheiro e fama e, de vez em quando, era inevitável que nos irritássemos uns com os outros. Eu tinha conduzido a dança um pouco em Sgt. Pepper’s. Para mim, o título e a idéia toda foi inspirada pela época e pela fertilização cruzada com os outros artistas. Queria que fosse algo do tipo: “Uau, cada um de nós tem sua lista de heróis [na capa] e vamos assumir estes alter egos. Seremos pessoas novas fazendo este disco, e podemos mais ou menos viver nestes corpos novos e fazer um álbum como se fôssemos outra banda”. Aquilo foi libertador. Mas, depois disso, não dava para sentir que era possível seguir em frente como aquela outra banda. Você inevitavelmente voltava à terra, fazia parte dos Beatles.

E foi aí que os problemas começaram…
Foi quando começamos a discutir assuntos comerciais, principalmente com o advento de Allen Klein – ou “um certo empresário norte-americano”, ou seja lá como somos obrigados a nos referir a ele. Deixemos para o departamento jurídico resolver. As conversas passaram a ser assim: “Ah, que merda, vamos ter mesmo que pensar sobre isso agora ou perderemos tudo por que trabalhamos”. E isso causou um racha tremendo.

Você acabou processando os outros Beatles.
Foi o pior momento da minha vida, quando me informaram que não poderia me opor a esse tal de Klein, esse “suposto empresário norte-americano”. Como ele não era uma das partes de nenhum dos nossos acordos, precisei brigar contra os outros três caras. Foi uma situação com a qual me debati durante meses. Ou era: “Não, não brigue com esses caras e perca tudo para todo o sempre” ou “Brigue com esses caras e salve tudo”. Foi um dilema. No final, pensei: “Acho que eles não sabem o que estão fazendo, estão cometendo um erro pavoroso”. Então eu, de fato, briguei no Tribunal Superior e venci, por sorte. Isso criou um estigma terrível para mim, como sabia que criaria – não tinha entrado naquilo de bobo. Sabia qual seria o preço. Mas achei que, no fim, as pessoas descobririam que tinha razão. E foi gratificante quando todos os caras, no final, piscaram para mim e disseram: “Foi bom você ter feito aquilo”. Até Yoko [Ono] reconheceu isso. Mas foi uma coisa horrorosa de se viver. Foi quando o sonho se desfez para mim.

Houve um ponto em que você sentiu que, apesar da dissolução da banda, seria capaz de seguir em frente e continuar a se divertir?


Fazer o álbum McCartney (1970) foi bom para mim nesse aspecto, porque realmente retornei às raízes. Eu me senti bem, e isso é bom. Até hoje, as pessoas reparam naquele álbum. Com freqüência acontece com os artistas e os músicos – eu ia dizer especialmente, mas acho que está mais para igualmente – de o trabalho ser aquilo que faz você se compreender. A música é especialmente boa para isso, é uma boa terapia. Estava passando pela coisa terrível de perder a amizade daqueles meus camaradas da vida toda, e para quê? Bom, a mim parecia que o motivo era tentar salvar a vida deles. Aliás, não existiria uma [gravadora] Apple para estar em litígio com a Apple, não existiria problema algum com Steve Jobs – e não existe mesmo, falando nisso, já foi tudo resolvido -, mas não existiria uma Apple Records hoje. Tudo teria desaparecido; a coisa toda simplesmente não existiria. Não haveria nenhum show em Las Vegas, não haveria nenhuma destas coisas que agora estão aí tão gloriosas se não tivesse tomado aquela atitude. Mas foi uma decisão dura de verdade. Foi uma daquelas coisas que exigem terapia depois, e para mim, voltar à música foi essa terapia. E, é claro, com a enorme ajuda de Linda. Ela foi uma das grandes responsáveis por me fazer voltar à vida e seguir em frente. Ela era um bastão de força naquele momento. Isso e produzir música fizeram com que atravessasse aquele período.

Você, George e Ringo puderam desfrutar os ressurgimentos dos Beatles. John, é claro, morreu antes de boa parte disso acontecer, e agora George também se foi.


Esta é a pior parte de ficar adulto. Você perde amigos, é inevitável. Não é exatamente uma surpresa, mas é terrível. É muito triste. Conhecia John intimamente há tanto tempo. Sempre me admiro com o fato de eu ter sido o cara que se sentava com John para escrever todas aquelas coisas. Éramos só ele e eu em uma sala e isso era bem especial. Então, perdê-lo foi horrível. E foi especialmente triste porque tínhamos superado a desavença dos Beatles. Apesar de ele estar morando em Nova York, nós conversávamos com bastante regularidade. Simplesmente conversávamos sobre coisas cotidianas – sobre o filho dele, Sean, e sobre a vida em geral, sobre os pães que ele assava. Trocávamos receitas de pão, era ótimo. Então, simplesmente foi uma tragédia horrível ele ter sido arrancado daquele jeito. No caso de George, foi igualmente trágico. Eram meninos tão lindos, sabe? [Ele faz uma pausa, e sua voz treme] George era simplesmente um sujeito ótimo. Ele era um garotinho que eu conheci em Speke, Liverpool, só um garotinho que entrou no meu ônibus. Eu subi no ponto anterior ao dele, e ele entrou e nós começamos a conversar sobre guitarras e rock’n’roll. Depois, quando estávamos procurando um guitarrista, e eu mencionei o nome dele a John, George se juntou ao grupo. E daí passou a ser apenas o sábio George. Ele era um sujeito lindo que não agüentava gente burra. Era uma alma muito linda. Nem me deixe começar, cara. É um horror ter perdido aqueles caras. Mas a verdade terrível é ser adulto.

Você tem idéia do que continua a tocar as pessoas com os Beatles depois de todos esses anos?
Acho que, basicamente, é a magia. Os Beatles eram mágicos. Para mim, a vida é um campo de energia, um punhado de moléculas. E essas moléculas específicas se formaram para que aqueles quatro caras virassem os Beatles e fizessem todo aquele trabalho. Preciso pensar que foi algo metafísico. Uma coisa que deve ser considerada mágica. Estou sendo muito extravagante? Se você quiser ser prático, acho que as músicas eram muito bem estruturadas. Quando as canto atualmente em shows, penso: “Isso aí é bom, é sim. Que verso bom. Ah, entendi!”. É uma redescoberta. Você simplesmente lembra: “Ah, foi por isso que fiz assim”. Então, elas também têm uma força física, é trabalho bem-feito.

Você teve papel importantíssimo depois dos ataques de 11 de setembro, organizando o Concerto para a Cidade de Nova York e ajudando a reconstruir a confiança da cidade. Mas muita coisa aconteceu para complicar nossa noção do que houve naquele dia. Quando você pensa em 11 de setembro hoje, o que lhe vem à mente?
Bom, tenho minhas lembranças pessoais de estar no [aeroporto de Nova York] JFK e de ver a fumaça das torres gêmeas. O aeroporto fechou, nosso vôo foi cancelado, fomos para Long Island e ouvimos o noticiário e assistimos a TV. E depois pensei em fazer meu próprio concerto, mas tudo culminou no Concerto para Nova York, que foi ótimo, porque muita gente queria fazer alguma coisa. Foi ótimo fazer parte daquilo – ajudar os norte-americanos em particular, mas o mundo de maneira geral, a colocar seus sentimentos em algum lugar. A oportunidade perdida foi que as pessoas ficaram com um enorme sentimento de solidariedade em relação ao povo americano, e as ações políticas que se seguiram a 11 de setembro desperdiçaram a oportunidade. Foi como se alguém no playground tivesse apanhado, mas não sabia quem tinha batido, e por isso resolveu descontar na pessoa mais próxima – e isso se transformou no Iraque. A agenda política é a culpada.

Olhando para a frente, quais são as principais questões que se colocam agora?
Fazer algum avanço em direção à paz mundial. Seria ótimo se as pessoas com diferenças no mundo hoje percebessem que não existem diferenças – é um campo de energia! Precisamos da mesma velha coisa de sempre: paz e amor. Não sendo frívolo, mas esse continua sendo o grande objetivo. Bom, e vocês aí precisam de um novo líder [risos]! Quer dizer, isso ajudaria.

Nem brinque…
O ambiente é uma realidade. Algumas pessoas me dizem: “Há tantas causas, não sei quais apoiar”. Há as minas terrestres, os maus-tratos com animais, só para mencionar duas pelas quais me interesso. É como se considerassem este o problema: “Qual causa apoiar?”. Eu respondo: “Não entre em pânico, apenas escolha uma que o agrade e vá em frente. Todas estão conectadas”. Mas eu sou otimista, tem muita gente bacana por aí. No momento, temos montículos de terra. E tudo bem. Isso é bom. Mas precisamos que se transformem em uma montanha. Tem muita gente inteligente por aí, mas, infelizmente, também tem um monte de imbecis. Mas o meu otimismo me leva a torcer para que os inteligentes construam a montanha.

E qual você gostaria que fosse seu legado pessoal?


Sempre que me perguntavam como eu gostaria de ser lembrado, respondia: “Com um sorriso”. Mas gostaria que as pessoas entendessem o que eu fiz e pensassem que há uma enorme força naquilo. Gostaria que as pessoas pensassem que uma parte daquilo chega a ser demoníaco de tão forte. Isso me bastaria.

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Se os Beatles conseguiram cativar as novas gerações e aumentar o numero de fãs do fab four durante as ultimas duas década, será ainda mais fácil daqui pra frente. Claro que as músicas deles são o que justifica toda a grandeza do grupo, mas como a EMI sacaneou eles com o lançamento daqueles CDs – com uma qualidade bem meia-boca – no final da década de 80.

O som estourado, o baixo estava [ironicamente] baixíssimo, a masterização confusa e etc. Dessa forma que conheci o Abbey Road. Com uns 12 anos, surrupiei o CD da coleção do meu pai e me divertia com a introdução de Come Together. Também me lembro como eu gostava [e gosto] da balada Oh Darling.

Claro que meu ouvido mal reconhecia à má masterização do álbum. Por ironia do destino, hoje eu que escolho essas mesmas faixas com baixa qualidade: através desses fones vagabundos para mp3 players.

paul_john_bauA EMI lançou neste ano os álbuns dos The Beatles remasterizado. Fazendo justiça com McCartney e as suas linhas de baixo. Ouvindo o Abbey Road,fiquei espantado: PQP! Como esse disco conseguiu ficar ainda melhor?

Ficou realmente fantástica essa versão remasterizada, conseguindo dar um ganho preciso em cada faixa sonora. Mas é preciso ouvir com boas caixas de som. E, se for ouvir pelo mp3, baixe o arquivo com 320kbp/s.

No entanto, a maioria das pessoas ouve música através desses fones que não trazem muita fidelidade sonora, tal qual o mp3 – formato que comprime as faixas de áudio.

Então qual é a graça deste novos CDs? Foi só para as gravadoras ganharem mais uma grana? Pode até ser, mas foi feita justiça com um o maior grupo pop da história da música.

Também foi feita justiça com os fãs. Para aqueles que ouviram o primeiro come together e nunca deixaram de andar junto com a banda.

Download do álbum

Nação ZumbiEnquanto lá no outro lado do Atlântico, na ilha da rainha, o movimento musical da década de 1990, o Britpop, parece não ter mais força após o fim [mais uma vez] da banda referência do período, o Oasis. Enquanto isso, no Brasil, a situação é outra: as bandas ´noventistas´ estão fazendo mais barulho ainda – o barulho do caos.

Neste último final de semana, na sexta-feira, 18 de setembro, foi comemorado em São Paulo os 15 anos do lançamento do álbum Da lama ao Caos. O CD deu o pontapé inicial em um dos movimentos musicais mais emblemáticos da década passada – e um dos que mais tinha o que falar. Com shows das bandas Nação Zumbi, no Citibank Hall, e do Mundo Livre S/A, no Studio SP, os pernambucanos mostraram na capital paulista que o mangue beat continua a influenciar e a fazer história.

O manifesto “Caranguejo com Cérebro”, escrito por Fred 04, vocalista do Mundo Livre, foi responsável pela unidade ideológica entre algumas bandas de Recife, que contribuiu para formar o contorno de movimento a um grupo de pessoas que buscavam encontrar na riqueza regional ferramentas culturais fortes. “Hoje, Os ´mangueboys´ e ´manguegirls´ são indivíduos interessados em hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores marítimos (principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio, sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da química aplicados no terreno da alteração e expansão da consciência.”, diz um trecho do manifesto.

“A importância do Nação Zumbi foi total, pois abriram caminho para essa nova geração e ainda abrem e estão bem na frente de todo mundo”, comenta Dengue, baixista da Nação Zumbi. Inspirados na trupe liderada pelo então vocalista, Chico Science, é que dezenas de bandas pernambucanas despontam na cena musical brasileira, ainda trazendo na essência a inovação do mangue beat (leia Bandeirantes Pernambucanos).

“Eu acho que o mangue beat é um movimento muito bom porque ele preza pela união dos artistas e ao mesmo tempo pela diversidade. Para artistas novos como o Mombojó, é muito gratificante fazer parte disso tudo. Muitas vezes nós já chegamos nos lugares ´ganhando de 1 a zero´ porque o nome de Pernambuco é muito valorizado por  causa de artistas como a Nação Zumbi e o Mundo Livre”, confessa Marcelo Machado, integrante do Mombojó.

Os protagonistas desta efervescência não se consideram líderes ou mesmo o mangue beat como um movimento. “Nunca pensamos nisso como um gênero, um movimento como a bossa nova ou o tropicalismo. Não somos carro-chefe de nada”, comenta o guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia. Apesar de não se considerarem um movimento, a verdade é que tanto o Citibank Hall, quanto o Studio SP, estavam cheios de ´mangueboys´ e ´manguegirls´ para celebrar os 15 anos do lançamento do álbum do Da Lama ao Caos. Com participações de Fred 04, Otto e B Negão, o Nação fez, no dia 18, um show com repertório baseado no seu álbum debutante. Com a mesma potência da guitarra de Lúcio Maia e o peso da percussão da lama e do caos das raízes pernambucanas.

No dia seguinte ao show do Nação Zumbi, o Mundo Livre S/A subiu ao palco do Studio SP e destilou ao som do cavaquinho e da guitarra a nóia política e o maracutu do Samba Esquema Noise, lançado, também em 1994.

_enquanto isso…

Fred 04 está cada vez menos caos e mais pragmático. Tanto em sua participação no show do Nação Zumbi, na Conexão PE, no Citibank Hall, quanto em seu show no dia 19, o vocalista disparou contra a internet e contra o computador. Exigindo mais regulação sobre o compartilhamento de música na internet, mais vigilância.

O fim de semana do caos em São Paulo pode mostrar que, apesar dos quinze anos do “início”, o mangue beat está ainda pulsante e criativo. Sem parar de produzir, ao contrário, continua inovando e trazendo novas propostas musicais – ou de caos. Como diz a música chefe do Da Lama ao Caos: “É me desorganizando que posso me organizar”.

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Depois do Los Angeles Times, The Guardian e a Rolling Stones fazerem coro ao talento de Sondre Lerche, tive que fazer algo não convencional: concordar com crítica musical. Nada contra os críticos e suas avaliações, só que a arte é absorvida diferentemente por cada pessoa; portanto, aquelas entrelinhas para classificar a qualidade de um álbum – ou filme, etc… – não fazem muito sentido, né?

Sem mais devaneios, o que importa são os álbuns despretensiosos de Lerche. Norueguês da cidade de Bergen, ele começou a balangar as cordas do violão aos 8 anos e aos 16 já assinava um contrato para lançar seu primeiro álbum pela gravadora Virgin/EMI. “I had to start singing to get all these songs out there,” diz Lercher. “No one else was going to!”

Com 5 albuns já lançados e o próximo – Heartbeat Radio- com previsão para este mês de setembro, o musico norueguês desponta com a simplicidade e a poesia de suas canções. Estilo único que o fez ser “intimado” para produzir a trilha sonora do filme Dan in Real Life, simplesmente uma trilha sonora fantástica: sem excessos e, ao mesmo tempo, plástica. “The director wanted a musician to work with and he convinced both me and the Disney Corporation that I was the only one who could do it”, é o ele que diz em sua biografia oficial.

Lerche mistura em suas canções a pegada slowdown da música brasileira da década de 60 e 70 com a musicalidade de Elvis Costello, ele resume isso em Dead Passenger: a primeira música de seu disco de estréia – Faces Down.Sondre Lerche

A trilha de Dan in real life é simplesmente o que me impulsionou para escrever este post, mas a mistura da sonoridade de Lerche em cada álbum é tão singular que fica fácil de se perder ao falar dele.

Mas está aqui um bom ponto de partida: o [download do] álbum da trilha sonora de Dan in Real Life.